Não é milagre. É tratamento com hCG!

A Dieta do hCG – Veja todas as informações sobre o hCG e como essa Dieta é baseada

Não passa um dia sequer sem que surja no mercado novos gurus em saúde apresentando métodos “milagrosos” para o emagrecimento. E no meio de tanta controvérsia e ceticismo, um livro publicado no ano de 2008 por um entusiasta destes métodos chamou minha atenção; porém, como naquela época eu estava trabalhando com um acúmulo muito grande de informações científicas para algumas publicações, o que li até me parecia interessante, mas ainda não era o suficiente para me convencer.

Acontece, no entanto, que há alguns anos eu venho recebendo muitos questionamentos com relação a este tal método, e tenho recebido informações bastante positivas sobre o mesmo também; assim, resolvi me aprofundar um pouco mais neste assunto.

Sendo assim, vamos direto à fonte!

Antes de julgarmos qualquer técnica, precisamos ir direto até a sua fonte para entender um pouco mais sobre as suas experiências e intenções. Mais do que ler um livro recente devemos buscar a sua fonte pesquisando publicações anteriores. E foi o que fiz. Tratei logo de conhecer um pouco mais (ou melhor, muito mais) sobre o criador do programa sobre o qual vamos falar, o Dr. A. T. M. Simeons.

Tive a oportunidade de encontrar suas citações em quatro publicações veiculadas em jornais médicos bastante respeitados. São eles:

  • Lancet  – 1954
  • Journal of the American Geriatrics Society – 1956
  • American Journal of Clinical Nutrition – 1963 e 1964

Pude notar que todos os títulos mencionavam o mesmo hormônio natural, a gonadotrofina coriônica humana (hCG) e, três títulos especificavam o uso de hCG para o tratamento de obesidade, porém nenhum deles estava disponível.

Então procurei ainda mais informações sobre o Dr. Simeons, e vi que não se tratava de nenhum mercenário ou charlatão, mas de um médico brilhante com uma lista sólida de realizações.

Apesar de ter nascido na Inglaterra, Dr. Simeons estudou em uma universidade alemã, tendo se graduado pela Universidade de Heidelberg, no começo do século XX, em uma época em que as escolas alemãs eram consideradas as melhores do mundo. Fez pós-graduação na Alemanha e também na Suíça, tendo trabalho ainda em Dresden, na Alemanha.

Por seu interesse em medicina tropical, Dr. Simeons passou dois anos na África e depois na Índia, onde desenvolveu o uso da medicação antimalárica que se tornou a principal droga química no tratamento convencional. Além disso, desenvolveu também uma técnica que permite observar melhor o parasita da malária no sangue, e por este feito, ele foi agraciado com Ordem de Mérito pela Cruz Vermelha.

O médico criou ainda um centro modelo no tratamento da Lepra e no trabalho extensivo relativo à peste bubônica.

Em 1949 ele foi para o Salvador Mundi International Hospital, em Roma, onde mudou o foco de sua prática médica, voltando sua atenção para a endocrinologia e obesidade. Ele acreditava que a obesidade tinha componentes psicossomáticos, mas que o problema era mais físico do que mental.

Doutor Simeons publicou um livro no qual faz referência às suas observações sobre a Síndrome de Froelich, ainda do período de quando estava na Índia. Esse estudo se tornou a chave para o desenvolvimento do tratamento da obesidade com o hCG.

Síndrome de Froelich e o seu obstinado ganho de peso

Agora que já sabemos mais sobre o Dr. Simeons e suas sólidas credenciais é hora de entender um pouco mais sobre a Síndrome de Foelich. Devido a esta síndrome, as pessoas que apresentavam uma obesidade extrema tinham as gonodas não desenvolvidas (ovários e testículos) e, como consequência, tinham os órgãos genitais pouco desenvolvidos.

Em seu livro, Dr. Simeons descreve que garotos muito gordos a quem foram dadas pequenas quantidades de injeções diárias de hCG, extraída a partir da urina de mulheres grávidas, os testículos não só deciam para o escroto (que é o lugar onde eles devem estar), como também perdiam o apetite voraz. Em contrapartida, os garotos que não estavam com dieta restrita, não perdiam peso, porém sua forma mudava claramente com a diminuição da circunferência dos quadris.

Isso chamou a atenção do médico de tal forma que ele criou a teoria de que as injeções de hCG tinham mobilizado a gordura dos quadris que se depositaram de forma natural, como acontece no corpo de homens que não apresentam problemas de sobrepeso.

Com isso, o Dr. Simeons resolveu associar as injeções de hCG a uma dieta restritiva, na qual o corpo conseguiria usar essas gorduras como combustíveis. E isso realmente funcionou, tendo como resultado uma significativa perda de peso pelos pacientes sem que eles precisassem passar fome mesmo estando em uma dieta de apenas 500 calorias por dia.

No entanto, é preciso entender que existem programas diferentes para objetivos diferentes.

Depois de décadas de tratamento em centenas de pacientes, o Dr. Simeons criou dois tipos diferentes de protocolos:

Para os que desejam perder até 7kg:

  • hCG diariamente por 23 dias (exceto nos dias de menstruação);
  • Após o 3º dia de tratamento com hCG começar a dieta restritiva;
  • Dieta restritiva de 500 cal/dia por 26 dias (todos alimentos permitidos, exceto amido, açúcar e pouquíssima fruta);
  • Depois desse período de 26 dias, ir aumentando gradualmente a alimentação por três semanas.

Para os que desejam perder mais de 7kg:

  • hCG diariamente por 40 dias (exceto nos dias de menstruação);
  • Após o 3º dia de tratamento com hCG começar a dieta restritiva;
  • Dieta restritiva 500 cal/dia por 43 dias (todos alimentos permitidos, exceto amido, açúcar e pouquíssima fruta);
  • Caso perca 17kg antes do final dos 40 dias de hCG, é aconselhável parar o tratamento;
  • Depois desse período de 40 dias, ir aumentando gradualmente a alimentação por três semanas.

Para os que desejam perder mais de 17kg:

  • É aconselhável repetir uma nova série de hCG, mas respeitando um intervalo de seis semanas para recomeçar o tratamento.

Deve-se também fazer por três dias antes de se começar o ciclo de CGh, uma dieta com muita proteína, altamente calórica, para fornecer substratos de suporte durante o tratamento.

No final do ciclo de hCG deve-se manter mais de três dias com dieta de 500 calorias para garantir que qualquer vestígio de hCG tenha sido eliminado do corpo.

A razão para o limite máximo de tratamento ser de 40 dias é porque alguns pacientes desenvolvem reações alérgicas ao hCG.

Formas de administração do hCG

Apesar de no programa original ser usado o hCG na forma de injeção intramuscular, existe ainda a possibilidade de usar o hCG na forma oral. Porém, como nesse caso depende de absorção pelo trato gastrointestinal, ele é levado rapidamente ao fígado sendo então metabolizado e com isso perdendo sua ação na pele e na circulação, o que pode comprometer toda a sua ação.

Todos os hormônios, quando se procura usá-los da forma oral terá inativação no fígado antes de agir no organismo, portanto não recomendo usar nenhum hormônio na forma oral, sempre injetável, sublingual ou de aplicação na pele.

Complicações

Existem poucas complicações relacionadas ao uso do hCG, bem como nenhum risco sério.

Mas vale salientar, que o Dr. Simeons observou um aumento nos níveis séricos de ácido úrico depois do início do tratamento com hCG. Isso pode causar, em algumas pessoas, crise aguda de dor após alguns dias de tratamento. Mas, este sintoma acaba sumindo na sequência, permitindo ao paciente continuar o seu tratamento assintomático. Além disso, o Dr. Simeons observou também que os indivíduos que recuperaram o seu peso normal, ficaram livres de sintomas, independentemente de que com que se alimentassem.

Diante destas observações, aconselho sempre que você esteja acompanhado por um profissional familiarizado com a técnica para que ele possa te dar todo suporte necessário.

Benefícios adicionais

Em décadas de uso do hCG, o Dr. Simeons observou mais benefícios do que simplismente acertar o peso e a aparência física. A técnica ajudou a melhorar outros problemas de saúde relacionados com a obesidade.

Vejamos quais:

 – Diabetes tipo 2 – Com duas a três semanas de uso do hCG, o Dr. Simeons observou uma queda dos valores elevados de glicemia de jejum para níveis normais. Portanto, deve-se monitorar a glicemia durante o tratamento.

 – Hipertensão arterial – Normalmente há a redução da pressão arterial com o tratamento e que tende a se manter em níveis pressóricos melhores do que os iniciais pelo fato do paciente ter perdido quilos adicionais no ciclo de hCG.

 – Dores reumáticas – O Dr. Simeons observou melhoras das dores reumáticas alguns dias após o início do tratamento. Após o termino do ciclo de hCG os pacientes referem que as dores às vezes retornam, mas com menos intensidade do que anteriormente.

 – Psoríase – Os pacientes apresentavam grandes melhoras durante o tratamento, mas tinham recaídas quando o tratamento terminava.

 – Úlcera varicosa – Nos pacientes obesos com úlcera varicosa houve rápida recupração da ferida quando em tratamento com hCG.

 – Úlcera peptica – Nestes casos os indivíduos obesos com úlcera duodenal tiveram melhoras importantes. Isso mostra uma similaridade com a gravidez, onde raramente ocorre úlcera peptica.

 – Colesterol (complicação ou benefício?) – Esta complicação na verdade é um benefício disfarçado.

Se a pessoa tem o colesterol normal, com o início do ciclo de hCG ele aumenta e retorna a valores normais após o tratamento. Porém, nos indivíduos que já têm colesterol elevado, possivelmente haverá um aumento transitório.

Apesar de a primeira impressão ser algo negativo, o que ocorre é que nas avaliações de acompanhamento, esse colesterol fica em níveis muito melhores do que era antes do início do tratamento.

O Dr. Simeons acreditava que a elevação do colesterol total era pela liberação de colesterol de depósito e que não estivesse aderido na parede das artérias. Em outras palavras, o Dr. Simeons acreditava (apesar de não ter sido provado) que o tratamento com hCG poderia, ao menos parcialmente, evitar o depósito de colesterol que não estivesse calcificado ainda.

Estudos subsequentes sugerem que ele pode ter razão ao dizer que o fato do tratamento com hCG estimular o aumento de colesterol, é na verdade um benefício e não um risco.

A natureza da gonadotrofina corionica humana (hCG)

O hCG nunca é encontrado no corpo humano, exceto durante a gravidez e raros casos em quem um resíduo de tecido de placenta continua a crescer, o que é conhecido como epitelioma coronico, fenômenos esse que (por questões óbvias) nunca é observado em homens.

Menstruação – Durante o período da menstruação as aplicações de hCG devem ser suspensas, mas a dieta não.

Álcool – Os pacientes que consomem bebida alcoólica normalmente durante o tratamento sentem-se excepcionalmente bem, porém uma porcentagem delas se sente intoxicado com o álcool, passando a beber pouco. Nesses casos, eles sentem que não precisam da bebida, possivelmente pela euforia que o tratamento produz.

hCG para homens – Pode ser usado sem problemas, não comprometendo a parte hormonal e a libido. Aliás, os homens perdem peso mais rapidamente do que as mulheres.

Ficou com alguma dúvida ou gostaria de mais informações?


Referências bibliográficas:

  • hCG – Dr. Simeons
  • “The Pituitary Body,” in Organotherapy in General Practice. G W Carnrick C New York City, 1924, pages 124-127
  • American Journal of Medical Sciences 1918; November: 714 –
  • J Reprod Fertil 1981; 63(1): 101-108
  • Am J Clin Nutr 1976; 29: 940-948
  • Am J Clin Nutr 1973; 26: 211-218
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