Teste genético de DNA: será que vale a pena fazer um?

Muitas pessoas gostam de se planejar, especialmente quando o assunto é saúde. Esta característica é ainda mais forte naquelas que já apresentam antecedentes familiares de doenças sérias como artrite reumatoide, doenças coronarianas, Alzheimer, psoríase e câncer de mama, por exemplo.

Vou contar a vocês o que aconteceu com uma jovem saudável de 22 anos, mas que tinha essa preocupação. Ela decidiu fazer um estudo do seu DNA, acreditando que seria importante para auxiliar na prevenção de certas doenças no futuro.

Para ter certeza dos resultados, ela decidiu checar o seu código genético em três laboratórios diferentes, pois até recentemente havia variações substanciais quanto ao risco de doenças comuns.

Será que esses três testes, iriam mesmo passar confiança em seus resultados?

Para a surpresa da jovem em questão os resultados foram conflitantes e duvidosos, criando certamente implicações importantes nos consumidores.

Quando recebeu os seus resultados, as discrepâncias ficaram evidentes:

– O primeiro laboratório (23 and ME) mostrou riscos elevados quase que ao dobro da média para mulheres de origem europeia onde a psoríase e a artrite reumatoide eram respectivamente 20,2% e 8,2%. Porém, de acordo com o segundo laboratório (Genetic Testing Laboratories) os seus menores riscos foram surpreendentemente para psoríases (2%) e artrite reumatoide 2,6%.

Para doença coronariana, o laboratório um e o laboratório dois concordaram que a paciente tinha risco médio, respectivamente 26% e 29%, mas o terceiro laboratório (Pathway Genomics) classificou o risco como abaixo da média.

No caso do diabetes tipo 2, o segundo laboratório a classificou com risco médio (10,3%), mas o primeiro apontou risco diminuído (15,7%). Na verdade, as duas companhias calcularam os riscos usando diferentes médias, causando um modo distinto de interpretação. Resumindo, o primeiro teste a deixou assustada e o segundo, aliviada.

Outra fonte de variação de risco foi quanto à obesidade, pois o primeiro laboratório a listou com risco de 59% e o segundo laboratório com risco de 30%.

Geneticistas e outros especialistas se mantêm incrédulos quanto ao resultado desses exames, pois há vários fatores que precisam ser melhorados. Há uma falta de referência quanto aos padrões de referências e definição de terminologias, além da necessidade de se balizar o que realmente é risco alto, médio e baixo.

Além disso, os testes realizados pelos três laboratórios fazem a leitura de segmentos de DNA chamados SNP (pronuncia-se snips) que apresentam grande variação de correlação entre doenças e suporte científico pesquisado, variando também entre as pessoas.

Os cientistas identificaram cerca de 10 milhões de SNPs e esses estudos analisam menos de 1 milhão. É como se você pegasse um livro e só lesse uma página ou outra.

Cada laboratório escolhe os SNPs para ler.

J. Craig Venter, chefe executivo do Instituto Synthetic Genomics, pioneiro na sequência do genoma humano, se mantém cético de seu valor clínico, não sendo neste caso surpresa o que aconteceu com a paciente.

Segundo o Dr. Wendy Chung, diretor do Departamento de Genética Clínica da Columbia University, não se pode ignorar o lado obscuro da genética, porque a comunidade científica ainda não identificou esses riscos. Fatores ambientais têm papel importante que não podem ser ignorados.

Há somente 23 doenças que começam na idade adulta e que podem ser tratadas, porém são raras, sendo o câncer de mama a mais comum. De acordo o Dr. Robert Kleitzman, um geneticista também da Columbia University, uma porcentagem pequena de pessoas que realizam esses testes tem informações úteis, pois para a maioria das pessoas os resultados só geraram confusão. Portanto, não se deve levar a sério esses resultado, principalmente para guiar os seus cuidados de saúde ou seu estilo de vida.

Segundo a Epigenética, a geração de doenças determinadas com testes genéticos não é garantia de se ter o problema indicado, mas hoje é sabido que o grande valor está em ter uma alimentação adequada e bom estilo de vida, fatores que podem reverter o que é predito nos testes, pois o DNA está sujeito às alterações ambientais e de estilo de alimentação e vida.

[divider]

Referência bibliografica:

– The New York Times.  Dec 31, 2013

< Artigo AnteriorPróximo Artigo >