Os riscos do consumo diário da Aspirina

Durante toda a minha trajetória médica até aqui, sempre ouvi que o correto era indicar a aspirina, de modo preventivo, para quem não tivesse tido um ataque cardíaco e até mesmo para os indivíduos que apresentem esse quadro em seu histórico clínico. Isso, todo mundo já sabia; afinal, uma aspirina ao dia era considerada uma medicação preventiva.

Acontece que recentemente a Food & Drugs Administration (FDA) reverteu essa orientação e, baseada em estudos, concluiu que não há comprovações que suportem o uso preventivo da aspirina para indivíduos que não tenham tido nenhum evento cardiológico. A FDA observou que não há benefícios estabelecidos e que riscos como sangramento cerebral e estomacal e a aplasia de medula continuavam presentes.

Mas, pior do que isso é o fato de muitos médicos não terem a real consciência de que a aspirina pode, na verdade, mascarar um evento cardíaco em evolução.

Um estudo realizado com mais de 100 mil pacientes de alto risco cardíaco concluiu que a terapia com aspirina não estava salvando vidas e sim mudando a forma como os eventos vasculares se apresentavam. Isso faz parte do Antithrombotic Trialists’ Collaboration, um estudo dirigido pelo cardiologista Dr. John G F Cleland, que além de reverter todos esses fatos surpreendentes, ainda mostrou que muito dos benefícios são seriamente falhos e suas interpretações distorcidas.

Logo em seguida a este, surgiram diversos outros estudos sustentando essa posição e desta vez não só para indivíduos com risco cardiovascular, mas também para os diabéticos.

Aspirina e seus riscos

Conheça os riscos que o consumo diário da aspirina pode oferecer ao seu organismo:

  • Interferência no processo de coagulação, causando sangramentos gastrointestinais; o uso crônico de aspirina em baixa dose pode dobrar este risco.
  • Aumento do risco de sangramento cerebral, especialmente em indivíduos idosos. Há um risco aumentado entre os idosos que fazem uso de aspirina preventiva quando se tem um trauma na cabeça resultando em hemorragia cerebral.
  • Destruição da mucosa gástrica, aumentando o risco de úlcera duodenal, infecções por H. Pylori, diverticulites, Doença de Chron, inflamação intestinal e até perfurações. Mais de 10% dos usuários desenvolvem úlcera gástrica.
  • Risco aumentado de morte em casos de tratamento de gripes com antitérmicos como a aspirina.
  • Depletação de nutrientes importantes do corpo como vitamina C, vitamina E, ácido fólico, ferro, potássio, sódio e zinco.
  • Comprometimento da produção de melatonina.
  • Aumento do risco de falência renal.
  • Comprometimento oftálmico, tais como cataratas, degeneração macular e cegueira.
  • Aumento do risco de um determinado tipo de câncer de mama (ER/PR negativo).
  • Perda de audição e zumbidos.
  • Aumento de 22% do risco de disfunção erétil de acordo com estudo conduzido em 80 mil homens.

Estratégia para reduzir risco cardiovascular e de inflamação:

Adotar uma alimentação de acordo com o seu tipo metabólico e:

  • Consumir gorduras boas como: óleo de coco, abacate, manteiga, nozes e sementes. Evitar óleos hidrogenados ou parcialmente hidrogenados por gerar gordura trans.
  • Limitar ou eliminar alimentos refinados e processados.
  • Evitar alimentos transgênicos.
  • Evitar alimentos alergênicos. Faça um teste de alergia alimentar para saber quais são os que deve evitar.
  • Evitar adoçantes artificiais.
  • Limitar o consumo de açúcar e frutose.
  • Fazer uso de probiótico para melhorar o equilíbrio da flora intestinal.
  • Equilibrar a relação entre o ômega 3 e o ômega 6, consumindo um suplemento de ômega 3 de alta qualidade.
  • Associar uma estratégia antioxidante para neutralizar os radicais livres que aumentam o risco de inflamação, doença cardíaca, etc.
  • Praticar atividades físicas, de preferência com os treinos de alta intensidade.

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Referências bibliográficas:

– FDA Consumer Update May 5, 2014

– NEJM 2005

– BMJ 2009

– JAMA March 2010

– J Am Coll Cardiol. October 2010

– Drug Ther Bull. February 2010

– World J Gastroenterol October 2011

– Am J Med March 2010

– The Lancet October 2011

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