Maconha Medicinal: o Centro da Controvérsia

Esta é uma grande controvérsia que precisamos entender. De um lado, nós temos um conhecimento de décadas mostrando que a maconha é proibida, algo que ocorreu na década de 30 e que persiste até hoje.

Por outro lado, uma serie de evidências científicas têm mostrado que há uma “outra maconha”, mas no caso “medicinal” que é apoiada por incontáveis ​​estudos creditando seu potencial de cura ao seu conteúdo de canabidiol.

Mesmo não estando ainda aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA) muitos médicos estão começando a rever suas posições, convencidos pelo que a ciência tem mostrado.

O principal motivador do início desta revolução foi a descoberta, na década de 1990, dos receptores de canabinóides encontrados em praticamente todos os tecidos, incorporados nas membranas celulares no corpo humano, algo que também ocorre em outros mamíferos.    

Ou seja, nós produzimos compostos canabinóides em nosso corpo, e sua deficiência está ligada a dor, enxaqueca, fibromialgia, síndrome do intestino irritável, condições inflamatórias e neurológicas e uma variedade de condições de tratamento resistentes.

E a maconha medicinal age efetivamente quando um canabinóide ativa um receptor canabinóide.  

Repercussão na classe médica

Segundo profissionais médicos de alta respeitabilidade, como o Dr. Vivek Murthy, a maconha pode ser útil para certas condições médicas. Ele comenta: “Temos alguns dados preliminares mostrando que, para certas condições e sintomas médicos, a maconha pode ser útil”.

A mudança de posição sobre a maconha do neurocirurgião Sanjay Gupta foi algo também de grande repercussão na América, aonde em uma entrevista no site da CNN, ele disse:

“Há agora pesquisas promissoras sobre o uso da maconha que podem afetar dezenas de milhares de crianças e adultos, incluindo o tratamento para o câncer, a epilepsia e a doença de Alzheimer, para citar apenas alguns.

No que diz respeito apenas à dor, a maconha poderia reduzir muito a demanda por narcóticos e, simultaneamente, diminuir o número de overdoses de analgésicos acidentais, que são a maior causa de morte evitável no país.”

Diferenças entre maconha e maconha medicinal

Há uma grande diferença entre os dois produtos. Erroneamente, muitos acreditam que são a mesma coisa, mas na verdade são duas plantas diferentes. Apesar de ambos serem considerados Cannabis sativa por gênero e espécie, é aí que termina a semelhança. O produto medicinal provém do cânhamo, ao contrário da maconha.

Maconha medicinal 

A “maconha medicinal” é entendida como o uso de toda a planta de maconha não processada e seus extratos puros para tratar uma doença ou melhorar um sintoma.       

Para isso, essa planta de cannabis precisa ter sido meticulosamente cultivada através de técnicas tradicionais de reprodução e alteração das sementes, aonde se consiga um produto com níveis mais elevados de canabidiol (CBD) e níveis mais baixos de tetrahidrocanabinol (THC).

O princípio ativo mais importante no caso, em termos terapêuticos, é o canabidiol (CBD)

Além disso, não se deve usar pesticidas tóxicos e fertilizantes, em se tratando de finalidade médica.

Cânhamo

Esta planta também é um gênero de Cannabis sativa. Tem sido cultivado por milhares de anos, através de sementes, cujo produto, caule e folhas, são usados na produção de alimentos, roupas, fibras, combustível, suplementos nutricionais, medicamentos e cosméticos.

Ele foi proibido nos EUA no final da década de1938, tendo sido classificado como maconha e enquadrado como substancia controlada. Com isso, dificultou a capacidade de cultivo pelos fazendeiros e até para pesquisas médicas.

Porém, em 2018 tornou-se legalizada novamente, permitindo seu plantio e cultivo. Com isso, permitiu que as instituições médicas e acadêmicas pudessem usá-la para pesquisa.

A planta em si contém mais de 100 compostos ativos naturais diferentes, chamados fitocanabinóides. O canabidiol (CBD), o mais conhecido, é apenas um deles.

Porém, o CBD isolado não consegue atender adequadamente o sistema endocabinoide do seu corpo, sendo necessários outros fitocanabinóides e tempenos como complementares.

O cânhamo contém alto teor de canabidiol (CBD), o segundo componente mais abundante dessa planta, e que não induz efeitos intoxicantes. Além disso, este é o que fornece os maiores benefícios para a saúde, desde o alívio de dores e ansiedade até seu efeito neuroprotetor.

Maconha

A maconha já foi considerada no passado uma planta da medicina botânica. Porém, isso era por ter alta concentração de tetrahidrocanabinol (THC), a responsável por fornecer os efeitos psicoativos que a maioria dos usuários recreativos procura. 

Foi usada com muita ênfase na década de 60 e 70, aonde se buscava  experiências psicodélicas, se manifestando como alucinações, mudanças de percepção, sinestesia, estados alterados de consciência semelhantes ao sonhopsicose e êxtase religioso.

É um produto ilegal no Brasil, independente se é para uso recreativo ou medicinal. Portanto, é importante nos informarmos sobre essa questão.

Referências bibliográficas:

  • National Institute on Drug Abuse, Marijuana as Medicine
  • CNN April 20, 2015
  • Drugs in America: A Documentary History,” 2002
  • Science. 1992 Dec 18;258(5090):1946-9.
  • “The Cannabis Health Index,” 2015
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