Os seus Genes não são sua Sentença de Morte

Nas décadas de 1980 e 1990, houve muita empolgação sobre o sequenciamento do genoma humano. O que se pensava era que nossos genes detinham a chave para prevenir e reverter doenças e, uma vez que tivéssemos acesso ao nosso genoma, seríamos capazes de resolver doenças crônicas de uma vez por todas.

Essa empolgação levou a algumas declarações bastante ousadas, como esta, de Lord Sainsbury, o ministro da Ciência do Reino Unido na época:

Agora temos a possibilidade de conseguir tudo o que esperávamos da medicina.

Só que não é bem assim…

Mesmo antes do Projeto Genoma Humano ter sido concluído, em 2003, as limitações do uso de genes para prever e prevenir doenças eram aparentes, tanto é que um dos principais cientistas envolvidos nesse sequenciamento dos genes, Craig Venter, comentou:

Nós simplesmente não temos genes suficientes para essa ideia de determinismo biológico funcionar.

Ou seja, ele já antevia que nossos genes não podem explicar a nossa saúde e nosso risco de doença. Tanto é que mesmo após o término do projeto genoma, que já faz cerca de 20 anos, eu pergunto:

Conseguiu-se algo de concreto neste campo em relação as doenças?

A resposta é um grande NÃO.

E é claro que isso nos leva a outra conclusão importante:

Nossa dieta, estilo de vida e comportamento são os fatores mais determinantes e muito mais importantes para a nossa saúde do que nossos genes.

A epigenética é muito clara, e de fato, estudos recentes sugerem que 85 a 90% do risco de doenças crônicas são impulsionados por fatores não genéticos. Só 10 a 15% tem influência genética.

E então? Será que isso é uma boa notícia?

A resposta é um grande SIM.

Isso significa que estamos no lugar do motorista quando se trata de nossa saúde e da saúde das futuras gerações.

Mas cuidado, pois isso também pode ser uma má notícia!

Tanto para os indivíduos quanto para a sociedade em geral, precisamos assumir a responsabilidade e nos envolvermos consistentemente em comportamentos de promoção da saúde, como uma alimentação adequada ao seu tipo metabólico, exercícios com frequência, programas de desintoxicação dos tóxicos ambientais, além dos bons hábitos de vida.

Ou seja, a adoção de um estilo de vida saudável pode reduzir substancialmente a mortalidade prematura e prolongar a expectativa de vida em adultos.

Agora é com você… Qual vai ser a sua escolha?

Referências bibliográficas:

  •  Quarterly Review of Biology 2009
  • Time Magazine January 6, 2010
  • WebMD June 16, 2010
  • Experimental Biology 2010
  • Circulation: June 15, 2010
  • PLoS One. 2016 Apr 22;11(4)
  • Circulation. 2018;138:345–355
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