Como medicamentos vendidos livremente estão acelerando problemas como o declínio cognitivo e a demência

Muitas pessoas ainda carregam consigo o péssimo hábito de se automedicarem e encontram total facilidade na compra de certas drogas.

O que elas não sabem – ou fingem não saber – é que elas podem estar mascarando um problema e criando outro ainda maior.

E para tentar frear essa situação, um novo estudo buscou relacionou certas drogas populares a um risco aumentado de declínio mental e demência em adultos mais velhos.

Entre esses medicamentos estão remédios para dormir, para tosse, resfriados, alergias, bexiga hiperativa, depressão e até doença de Parkinson.

Além destes, outras drogas, como drogas hipnóticas sedativas (pílulas para dormir), inibidores da bomba de prótons e até mesmo paracetamol também foram associados a um risco aumentado de demência.

O que as pesquisas dizem

Uma pesquisa realizada pela Escola de Medicina de San Diego, na Universidade da Califórnia, reuniu cerca de 688 adultos, com idade média de 74 anos e divididos igualmente por sexo. Importante frisar que nenhum desses participantes apresentavam qualquer tipo de problema cognitivo ou de memória no início do estudo.

Com o grupo formado, os pesquisadores da Escola de Medicina de San Diego, na Universidade da Califórnia, realizaram testes para mostrar que os medicamento anticolinérgico estavam levando as pessoas a um risco aumentado de declínio cognitivo, particularmente naqueles com um risco para a doença de Alzheimer.  

Para isso, os participantes da pesquisa foram submetidos a testes cognitivos anuais por um período de 10 anos. Durante esse período um terço das pessoas fizeram uso de algum medicamento com uma média de 4,7 anticolinérgicos por pessoa.

Como resultado, aqueles participantes cognitivamente normais, e que tomaram pelo menos um medicamento anticolinérgico no início do estudo, apresentaram 47% mais chances de desenvolver algum comprometimento cognitivo leve em comparação aos que não fizera uso desses medicamentos. 

Os pesquisadores descobriram também que aqueles com biomarcadores para Alzheimer tinham até quatro vezes mais chances de desenvolver o comprometimento cognitivo leve, do que aqueles participantes que também possuíam os biomarcadores, mas não faziam uso da medicação. 

 Todo cuidado é pouco!

Não estou aqui condenando o uso dessas medicações. Muito pelo contrário… até porque eu sei que existem pessoas que realmente fazem uso dos remédios por necessidade e com recomendação médica.

O que eu quero chamar a atenção é para o fato das pessoas usarem da facilidade de acesso à muitas dessas drogas para se automedicar. 

Os efeitos a longo prazo e sem a mínima orientação pode acarretar danos que não serão revertidos com a suspensão dos medicamentos.

Converse com seu médico, entenda sobre os efeitos e use o que ele recomendar e como ele recomendar.

Afinal, como diz o ditado em nada adianta “despir um santo para cobrir outro”.

Pense nisso! Supersaúde!

 

Referência Bibliográfica

Risacher, S. L., McDonald, B. C., Tallman, E. F., West, J. D., Farlow, M. R., Unverzagt, F. W., & Saykin, A. J. (2019). Association between anticholinergic medication use and cognition, brain metabolism, and brain atrophy in cognitively normal older adults. JAMA neurology, 76(3), 314-321.

Arfanakis, K., Fleischman, D. A., Grisot, G., Barth, C. M., Varentsova, A., Morris, M. C., & Lipton, R. B. (2015). Systemic inflammation in non-demented elderly human subjects: brain microstructure and cognition. PloS one, 10(4), e0123722.

Cheng, Y. C., Sheu, J. J., Tsai, C. C., Hsu, C. Y., Yang, Y. H., & Chen, P. H. (2021). Association of anticholinergic medication use with dementia and cognitive impairment in older adults: a systematic review and meta-analysis. JAMA network open, 4(2), e2034196-e2034196.

Jansen, P. H., van der Werf, J. F., & de Lange, E. C. (2020). The cholinergic system and aging. Handbook of clinical neurology, 175, 127-144.

Wang, J., Tan, L., Wang, H. F., Tan, C. C., Meng, X. F., Wang, C., … & Yu, J. T. (2015). Anti-inflammatory drugs and risk of Alzheimer’s disease: an updated systematic review and meta-analysis. Journal of Alzheimer’s Disease, 44(2), 385-396.

< Artigo AnteriorPróximo Artigo >