Campanha “Segunda sem carne”, ou traduzindo, “Segunda sem saúde”

Fique atento a campanhas baseadas em premissas superadas

 

O mundo mudou rápido demais. E, infelizmente, alguns profissionais não vêm acompanhando essa mudança. Para muitos ainda é mais fácil acreditar em informações inconsistentes, mas teoricamente mais acessíveis, do que buscar novas – e verdadeiras – fontes para então garantir a segurança de qualquer informação.

Quando o assunto é saúde esse caso é ainda mais sério. Mas, é preciso entender que, com toda essa mudança a comunicação ficou mais rápida, todo mundo fala sobre tudo, e daí a dificuldade em saber no que acreditar, pois existem informações novas, antigas e antagônicas que acabam coexistindo.

Fato é que está havendo uma verdadeira revolução nos conceitos alimentares, onde verdades inquestionáveis como a de que o ovo, a manteiga, a gordura saturada natural e a carne vermelha fazem mal para a saúde, são coisas do passado, simplesmente derrubadas por pesquisas amplamente comprovadas. Só que várias pessoas, inclusive profissionais da área, se negam a aceitar isso e acabam provocando sérios danos à saúde.

Como resultado, essa crença gera orientações inadequadas aos pacientes, baseado em premissas superadas.

 

É preciso acordar, com urgência, para uma nova realidade!

 

Com o avanço da tecnologia, e de novos cuidados na criação e abate de animais e uma fiscalização séria sobre a qualidade do produto, é possível afirmar sem medo que a carne vermelha é hoje, um dos melhores alimentos para frequentar a sua mesa.

A carne vermelha é uma das mais balanceadas fontes de proteína, aminoácidos, vitaminas e minerais que se pode encontrar. Mas, é como eu sempre digo, a carne de qualidade é aquela que provém de animais criados em pasto onde o ômega 3 é encontrado em abundância, algo tão diferente na alimentação moderna.

Acredito que no momento em que houver uma conscientização sobre as necessidades alimentares em relação aos ácidos graxos essenciais, como ômega 3, teremos mudanças radicais na saúde.

Nossa alimentação é desbalanceada pelo excesso de consumo de grãos e seus derivados, e os cientistas têm mostrado que esse desequilíbrio pode ser a causa das preocupações atuais em termos de saúde, obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, câncer, depressão, resistência à insulina, alergias, doenças autoimunes e muito mais.

Esse descompasso gera o que chamamos de inflamação silenciosa, que vai minando a saúde aos poucos.

É impossível vencer os problemas de saúde relacionados a esse desequilíbrio se não houver uma mudança substancial na alimentação, sendo a carne vermelha, em especial a de animais criados em pasto, o principal alimento no prato de todos nós.

Quanto ao problema ambiental

 

Cerca de 80% do nosso gado é criado em pasto, o que não causa efeito deletério em termos climáticos.

É preciso entender que o capim é perene. Sendo assim, o gado e outros ruminantes que pastarem no modo rotacionado, cortarão esse capim de forma a estimular o crescimento novamente. Isso representa uma grande ajuda na recuperação da matéria orgânica, uma vez que há também os dejetos destes animais em solo saudável, mantendo o dióxido de carbono dentro do solo e fora da atmosfera.

Portanto, esse gado ajuda o solo a sequestrar o carbono estimulando o crescimento do capim já pastoreado.

Já no modelo americano de criação em confinamento (com animais alimentados com soja e milho), há um gasto muito maior de energia para que este gado seja alimentado, assim como há também uma maior produção de metano. Muito do carbono gerado para produzir carne vem do crescimento dos grãos para alimentar os animais que requerem fertilizantes derivados de combustível fóssil, pesticidas e transporte.

Além disso, nas produções em monocultura (soja e milho), há uma exterminação da microflora de todo o solo e fauna, para gerar grãos, tanto para alimentação humana moderna (aqui se inclui a vegetariana) e para os animais de confinamento.

Esse extermínio ambiental passa despercebido, comprometendo todo o eco sistema.

Portanto, dizer que afastar a carne vermelha de sua dieta é algo que trará ganhos para a sua saúde é um engano. E aderindo a isso logo logo você sentirá as consequências  e, pode ser que você não correlacione uma coisa com outra, o que pode ser pior. Por isso, “segunda sem carne” é o mesmo que “segunda sem saúde”.

 

Referência bibliográfica:

Livro Carne Vermelha

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