A Gritante Diferença entre Peixes de Locais Poluídos e Preservados

Você já deve ter até perdido a conta de quantas vezes já ouviu que comer peixes faz bem para a saúde. Acertei? Pois é… Em parte, essa é uma afirmação verdadeira. O problema é que há um detalhe chocante…

Nem todo peixe é criado igual, e os peixes de hoje dificilmente são como os de antigamente. Quer saber por quê? Então vou lhe explicar!

O primeiro problema são os peixes criados em cativeiro. Como assim? Não sabia que isso poderia acontecer? É mais comum do que imaginamos! Há muitas criações em tanques, o que leva os animais a serem menos saudáveis que aqueles pescados na natureza. Para você ter uma ideia, eles chegar a ter 3 vezes menos ômega 3 do que os selvagens!

Além disso, recebem antibióticos e ração em sua dieta – uma péssima escolha. Isso sem falar na presença de poluentes químicos como os bifenilos policlorados (BPCs) e metais pesados, como o mercúrio.

É também por isso que sempre se recomenda comer peixes saudáveis de águas profundas, pois quanto maior a profundidade, menor a possibilidade de contaminação com este metal pesado.

Acontece que hoje, com o crescimento da poluição marinha, fica cada vez mais difícil encontrar peixes confiáveis, podendo complicar a nossa saúde. Quer um bom exemplo disso? Então veja…

Consumo de peixes e proteção contra ao diabetes tipo 2

Nos últimos anos, diferentes estudos vinham confundindo a cabeça dos pesquisadores. Algumas pesquisas apontavam que consumir peixes gordurosos era um fator protetor para a diabetes tipo 2.

Enquanto isso, outros estudos não encontravam quaisquer relações entre as duas coisas… E havia ainda alguns que diziam exatamente o contrário: que comer “peixe gordo” aumentava o risco da doença! Afinal, quem estava certo e quem estava errado nessa confusão?

Uma pesquisa desenvolvida na Suécia parece ter chegado a uma explicação. Eles usaram uma abordagem diferença e a resposta é mais simples do que parece. Segundo a pesquisadora Lin Shi:

“Conseguimos separar o efeito do peixe em si do risco de diabetes a partir do efeito de vários poluentes ambientais presentes nos peixes. Nosso estudo mostrou que o consumo de peixe como um todo não tem efeito sobre o risco de diabetes. Nós então analisamos o efeito de poluentes ambientais usando um novo método de análise de dados baseado em machine learning.

Fomos então capazes de ver que os peixes fornecem proteção clara contra o diabetes tipo 2. A proteção é fornecida principalmente pelo consumo de peixe gordo. No entanto, ao mesmo tempo, nós vimos uma ligação entre o alto consumo de peixe gordo e altos teores de poluentes ambientais no sangue”.

Os pesquisadores afirmam ainda que os principais poluentes encontrados foram “poluentes orgânicos persistentes” (POPs), como o DDT e o PCB, produtos que já são conhecidos por aumentarem o risco de diabetes tipo 2.

Eles concluíram, portanto, que o efeito variável de oferecer ou não proteção contra o diabetes era devido à presença de poluentes. Ou seja, quando se come peixes de locais saudáveis, obtém-se o efeito protetor.

Já o consumo de animais de áreas poluídas pode anular o efeito ou até revertê-lo, tornando-os mais maléficos do que benéficos! E este estudo trata apenas da proteção contra diabetes tipo 2… Imagina o quanto mais pode estar envolvido!

Qual a saída?

Nesse momento você deve estar se perguntando se vale a pena continuar comendo peixe. A dica, como vimos, é sempre procurar produtos de procedência.

Aliás, isso deve valer para qualquer alimento que você consome. Carne, leite e ovos de animais confinados não são os mesmos do que os de animais criados soltos… Vegetais orgânicos são também infinitamente superiores àqueles lotados de agrotóxicos, é claro…

E se você está preocupado com seus níveis de ômega 3, uma ideia é usar o óleo de krill. O krill é um pequeno animal marinho, parecido com o camarão, que assim como os peixes de águas profundas está repleto de ômega 3.

A vantagem é que como é pequenino e vive pouco, não chega a acumular toxinas em seu organismo, tornando-se uma opção segura para obtenção desse ácido graxo.

E para aqueles que gostam de saborear um belo peixe como prato principal, vale repetir: procure por aqueles selvagens, com garantia de virem de locais preservados. Assim, além do sabor, garante-se todos os benefícios para uma Supersaúde!

Referências bibliográficas:

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