A água que você bebe pode estar contaminada por chumbo!

Não gosto de dar notícias que podem ser consideradas ruins, mas meu dever é passar informações sobre saúde que façam a diferença na sua vida. E essa é mais uma daquelas estatísticas preocupantes: podemos receber até 20% do total de chumbo a partir da água que bebemos.

É isso mesmo que você ouviu! A contaminação do chumbo na água potável pode vir naturalmente de depósitos minerais nos suprimentos da água, mas a maior parte desse metal, que contamina a água, provém do próprio sistema de tratamento e distribuição. Ele é um subproduto da corrosão de materiais, como canos, soldas e juntas de chumbo, bem como torneiras e peças de bronze. Muitos fatores influem na quantidade de chumbo encontrada na água potável: a idade e a composição das peças confeccionadas com esse material, o nível de acidez (corrosividade) da água e a duração do contato entre água a corrosiva e essas peças.

Perigo para crianças e adultos

Entre as crianças, o chumbo tem sido associado ao retardo do desenvolvimento físico e mental, prejuízos no cérebro e no sistema nervoso central, anemia, apoplexia e hiperatividade. Elas podem apresentar ainda baixos níveis de Q.I., aprendizado e níveis de linguagem lentos, atenção reduzida e baixa performance escolar. O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos recomenda que as crianças comecem a fazer exames de sangue para verificar o nível de chumbo a partir dos 6 meses de idade!

As mulheres grávidas e as que estão amamentando também correm riscos significativos. As grávidas podem passar o chumbo que está em sua corrente sanguínea para a placenta, levando-o até o feto, que pode ter seu desenvolvimento físico e mental afetado. Além disso, o metal pode provocar partos prematuros e peso reduzido dos bebês ao nascerem.

Nos adultos, se estiver em níveis muito altos, o chumbo pode provocar prejuízos no cérebro, no fígado e nos rins, anemia, pressão alta, infarto do miocárdio e problemas de fertilidade, bem como retardamento mental. Além disso, existem estudos indicando que o excesso de chumbo pode causar até câncer. Se suspeitar disso ou se sua família ficou exposta a altos níveis de chumbo, peça ao seu médico ou pediatra que faça testes sobre o nível de envenenamento por chumbo.

Ele vai parar na sua corrente sanguínea através da ingestão da água contaminada: níveis acima de 10 microgramas por 100 ml de sangue podem provocar dano físico e mental irreversível, o que é especialmente verdadeiro com relação a crianças. A EPA – agência de proteção ambiental americana – identificou o chumbo como sendo a ameaça ambiental mais prejudicial às crianças, pois seus corpos em desenvolvimento o absorvem e retém com mais facilidade que os adultos. Abaixo dos 6 anos de idade elas estão ainda mais em riscos, principalmente se consumirem alimentos feitos com água da torneira.

Como evitar o chumbo na água

Existem vários passos que podem ser dados para reduzir a exposição ao chumbo e a outros metais. As dicas abaixo são do Friends of the Earth-Ground Water Protection Project, dos Estados Unidos:

  • A primeira coisa que se deve fazer de manhã ou quando tiver se ausentado por mais de 6 horas de casa, sem usar as torneiras, é abri-las e deixar a água cair até que fique nitidamente limpa.
  • Cozinhar apenas com água fria. Nunca usar água quente de torneira para cozinhar (chás, massas, etc.) ou para diluir comidas de bebês. Não deixar a água ferver por muito tempo para fazer comida ou diluir alimentos prontos para bebês, pois o chumbo tende a se concentrar na água que não se evapora.
  • Considerar a possibilidade de instalar em sua casa um sistema de filtragem reversível especial, que possa remover efetivamente o chumbo da água potável. (Já falei disso em um texto sobre os perigos do flúor, clique aqui para ler).

Por fim, lembre-se: a água engarrafada não é necessariamente mais segura do que a água da torneira.

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Referências bibliográficas:

  • Prevenção: A Medicina do Século XXI.  Editora Gaia. 2000
  • Science, September 11, 1998;281:1617-1618
  • Cortlandt Forum, March1992;50
  • ReproductiveToxicology, 1992;6:9-19
  • Archives of Internal Medicine, September 1991;151:1718-1720.
  • Toxicology, 2002;180:33-44
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