Vitamina K2: o nutriente-chave para a saúde

Nos últimos anos temos encontrado cada vez mais evidências científicas dos benefícios da vitamina D. Embora a conhecêssemos bem, ainda não tínhamos ciência de como seus benefícios são extraordinários ao ponto de transformá-la na vitamina mais importante da década.

Porém, agora começam a surgir evidências de que outra vitamina tem recebido as luzes das pesquisas como sendo o nutriente perdido no combate desde a osteoporose até a doença cardíaca. Esse nutriente tão importante é a vitamina K2, que vem sendo considerada uma importante potencializadora da vitamina D quando usadas de forma combinada. Muitas das pesquisas têm enfocado na interação entre a vitamina K2 e a vitamina D3, particularmente em termos de fortalecimento ósseo e saúde cardiovascular.

De acordo com Dr. Cees Vermeer, um dos maiores pesquisadores em vitamina K, quase todas as pessoas são deficientes dessa vitamina, assim como da vitamina D.

A vitamina K2 que absorvemos da alimentação pode até ser suficiente para manter uma coagulação sanguínea adequada, porém não é o bastante para garantir a proteção contra:

  • osteoporose;
  • doença cardiovascular;
  • varizes;
  • câncer de pulmão, próstata e fígado;
  • demência e outros problemas cerebrais;
  • doenças infecciosas;
  • cáries;
  • e muitas outras.

Combinação vitamina D e vitamina K

Já não é novidade que a vitamina D desempenha um importante papel na absorção de cálcio promovendo uma melhora significativa nos ossos. Porém, as novas evidências indicam que é a vitamina K2 quem direciona o cálcio para ser absorvido pelo esqueleto, evitando que esse cálcio se deposite em locais inapropriados, tais como nas articulações (artroses), nas artérias (aterosclerose) e nos órgãos (cálculo vesicular, cálculo renal, catarata).

A vitamina K2 ativa uma proteína chamada osteocalcina, produzida pelos osteoblastos, que por sua vez é necessária para a assimilação do cálcio na matriz óssea. A osteocalcina evita ainda que o cálcio se deposite nas artérias.

Fica evidente a importância da vitamina K2 para nosso organismo, pois sem ela a ação da vitamina D poderia causar depósito de cálcio nas artérias ao invés de penetrar nos ossos.

Formas de vitamina K

Existem duas formas para a vitamina K: as vitaminas K1 e a K2.

1) Vitamina K1: Encontrada nos vegetais, vai direto para o fígado e ajuda na manutenção da coagulação sanguínea saudável.

2) Vitamina K2: É produzida por bactérias e está presente em grandes quantidades no seu aparelho digestivo, porém não é absorvido por ele com facilidade. A vitamina K2 vai direto para a parede dos vasos sanguíneos, ossos e outros tecidos, exceto o fígado.

Por sua vez, a vitamina K2 também apresenta algumas variações: MK 4, MK 7, MK 8 e MK 9. A forma mais importante para o nosso caso é a MK 7, uma forma com mais aplicações práticas.

A forma desejável de vitamina K2 é a da MK 7.

A MK 7 é extraída de um produto derivado da soja fermentada chamada natto. Você pode conseguir quantidades importantes de vitamina K2 consumindo natto, contudo, poucas pessoas toleram o cheiro e/ou a textura preferindo o uso na forma de suplemento. O consumo de queijos fermentados também é uma boa fonte de vitamina K2.

Vitamina K, vitamina D e doença cardiovascular

Quando o seu corpo é agredido ou lesado, ele responde através de uma reação inflamatória causada pela deposição de cálcio no tecido lesado. Quando isso ocorre no seu vaso sanguíneo, significa que você está tendo manifestações imperceptíveis de doença arterial coronariana, ou seja, a formação de placa na artéria que pode vir a causar um ataque cardíaco.

A vitamina D e vitamina K2 agem juntas para aumentar a proteína matrix GLA (ou MGP). Essa é a proteína responsável pela proteção dos seus vasos sanguíneos contra a calcificação.

A matriz GLA é tão importante que pode ser usada como referência da sua condição vascular e cardíaca através de medição laboratorial. E estudos científicos confirmam que o aumento de ingestão da vitamina K2 reduz o seu risco de doença coronariana.

Veja outros dados importantes:

  • Em 2004, o estudo Rotterdam foi o primeiro a demonstrar o efeito da vitamina K2 na extensão de sobrevida das pessoas. As pessoas que tiveram uma alta ingestão de vitamina K2 tiveram 50% menos risco de morte por doença coronariana e menos calcificação das artérias do que as pessoas que tiveram pouca ingestão dessa vitamina.
  • Em um estudo subsequente com 16 mil pessoas seguidas por 10 anos, os pesquisadores observaram que cada 10mcg adicional de vitamina K2 representava uma significativa redução de 9% em eventos cardíacos.
  • Estudos feitos com animais mostraram que vitamina K2 não só previne o endurecimento das artérias, como também pode reverter a calcificação de artérias altamente calcificadas pela ativação do MGP.
  • Pessoas com calcificações severas tinham alta porcentagem de osteocalcina inativa, o que indica uma deficiência geral de vitamina K2.

Será então que a suplementação de cálcio não está aumentando o seu risco de ataque cardíaco?

Se você está fazendo uso de suplementação de cálcio e vitamina D, mas está com deficiente da vitamina K2, você pode estar piorando as coisas, de acordo com recente metanálise ligando o cálcio aos ataques cardíacos.

Nesse estudo observou-se que os indivíduos que estavam ingerindo suplemento de cálcio estavam mais propensos a terem ataque cardíaco. Mas, é importante destacar que isso não significa que o cálcio seja o causador dessa situação.

Nessa metanálise observou-se ainda que os indivíduos que ingeriram somente cálcio quando comparados com outros que ingeriram além do cálcio o magnésio, a vitamina D e vitamina K2, podiam apresentar efeitos adversos como a formação de placas de aterosclerose nas artérias coronarianas causando os ataques cardíacos.

Portanto, se você vai tomar cálcio, você deve equilibrá-lo com vitamina D e vitamina K2. Além disso, não se esqueça de suplementar também o magnésio, a sílica, o Ômega 3 e exercícios resistidos.

O mito do cálcio

Países com a maior taxa de consumo de cálcio, como por exemplo, os Estados Unidos, o Canadá e a Escandinávia, apresentam as maiores incidências de osteoporose. Esse é o chamado paradoxo do cálcio.

Isso acontece porque se consome o cálcio de forma errada sem levar em consideração a necessidade de vitamina K2, que é responsável, como vimos anteriormente, por direcionar o cálcio para os lugares corretos. Caso isso não aconteça, esse cálcio acaba indo para as artérias, rins, vesícula, articulações ou olhos, gerando problemas como aterosclerose, cálculos, artroses e cataratas.

Osteoporose: ossos densos, mas não são necessariamente fortes.

Um dos métodos mais usados para diagnosticar a osteoporose é através do DEXA, um exame que faz um Raio-X de corpo inteiro, medindo especialmente a densidade óssea ou o grau de mineralização dos ossos.

Entretanto, ossos fortes são mais do que ossos densos, e isso é o motivo pelo qual remédios como os bisphosphonatos têm falhado tanto.

Nossos ossos são feitos de minerais e matriz de colágeno. Os minerais dão aos nossos ossos a rigidez e a densidade, mas é o colágeno que lhes dá a flexibilidade. Sem uma boa flexibilidade, eles ficam com rachaduras e propensos a se quebrarem facilmente.

Isso quer dizer que densidade não é igual à resistência.

Pela boa quantidade de incorporação de minerais que apresentam, os remédios aumentam muito a densidade óssea. Mas, na verdade, esses ossos ficam com rachaduras e propensos a fraturas. Essas medicações destroem os osteoclastos que interferem no processo normal de remodelação óssea.

O melhor modo de refazer os seus ossos é através de exercícios, terapias nutricionais, hormônios como a progesterona e as vitaminas D e K2. Por isso, opte por essas opções se você quer garantir uma boa saúde para os seus ossos e consequentemente uma maior disposição para as suas atividades!

[divider]

Referências bibliográficas:

  • WEBER, P. Vitamin K and Bone Health. Nutrition 17 (10), 880-887, 2000.
  • RUCKER, R. B. Improved Functional Endpoints for Use in Vitamin K Assessment: important implications for bone disease, The American Journal of Clinical Nutrition 65, 883-884, 1997.
  • KANEKI, M., HOSOI. T., et al. Pleiotropic actions of vitamin K: protector of bone health and beyond?. Nutrition 22 (7-8), 845-852, 2006. (Address: Department of Anesthesia and Critical Care, Massachusetts General Hospital, Harvard Medical School, Charlestown, Massachusetts, USA).
  • GELEIJNSE, J.M., VERMEER, C., GROBBEE, D.E., SCHURGERS L.J, KNAPEN, M.H.J., VAN DER MEER, I.M., HOFMAN, A., WITTEMAN, J.C.M. Dietary intake of menaquinone is associated with a reduced risk of coronary heart disease: the Rotterdam Study. J Nutr 134, 3100-3105, November 2004.
  • DANIELS, S. Vitamin K2, but not K1, effective for heart health benefits: Study. NutraIngredients.com, February 12, 2009
  • VERMEER, C., SHEARER, M.J., ZITTERMAN, A., BOLTON-SMITH, C., SZULC, P., HODGES, S., RAMBECK, W., WEBER, P. Beyond deficiency: Potential benefits of increased intakes of vitamin K for bone and vascular health. Eur J Nutr 43 (6), 325-335, December 2004.
  • COCKAYNE, S., ADAMSON, J., LANHAM-NEW, S., SHEARER, M.J., GILBODY, S., TORGERSON, D.J. Vitamin K and the prevention of fractures: Systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Arch Intern Med 166, 1256-1261, 2006.
  • SCHURGERS, L. J., TEUNISSEN, K.J.F., HAMULYAK, K., KNAPEN, M.H.J., HOGNE, V., VERMEER, C. Vitamin K-containing dietary supplements: Comparison of synthetic vitamin K1 and natto-derived menaquinone-7. Blood, 2006.
< Artigo AnteriorPróximo Artigo >