Terapia de Reposição de Hormônio Bio-Idêntico: Erros Comuns

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A terapia de reposição de hormônio bio-idêntico (TRHB) começou na América do Norte no início dos anos 1980. Entretanto, na verdade, a TRHB teve o seu início na China no século 11, onde continuou a ser usada ate o século 19!

O objetivo da TRHB é: eficácia e segurança. Copiar a Natureza o máximo possível é a maneira mais eficaz e segura de se fazer essa reposição. E isto não é só verdadeiro para a TRHB, como também para qualquer abordagem para os cuidados à saúde. Hormônio é coisa séria!

É por isso que os medicamentos patenteados (a vasta maioria das “drogas de prescrição”) são tão longes do ideal para os cuidados à saúde. Entenda, se for uma molécula patenteada, por definição não pode ser encontrada na Natureza, e se não for encontrada na Natureza, é extremamente provável que terá efeitos adversos nos corpos de seres humanos.

Os pesquisadores têm confirmado repetidamente que copiar a Natureza é o melhor caminho. Do ponto de vista de “copiar a Natureza,” todos os três erros seguintes são gritantemente óbvios quando o assunto é hormônio.

Primeiro erro: Ingerir estrógeno (de qualquer tipo)

Durante os anos de ciclo de menstruação, a vasta maioria do estrógeno origina-se dos ovários, é secretada nas veias da pélvis e então transportada para o coração. O coração, então,a bomba para cada célula no corpo da mulher, incluindo uma pequena parte que se destina ao fígado.

O fígado excreta um pouco deste estrógeno pelos intestinos e uma outra pequena quantia é enviada para os rins para então ser excretada. Cada órgão, como o cérebro, o coração, os ossos, os pulmões etc.e cada célula no corpo da mulher recebe uma quantidade de estrógeno inalterado e não metabolizado, e o usa como a Natureza pretendia.

Em contraste, quando uma mulher ingere o estrógeno, tudo vai diretamente para o estômago e os intestinos. Todos os vasos sanguíneos dos intestinos fluem para o fígado, e não para o coração, então o fígado recebe 100% do estrógeno. O fígado, naturalmente, faz o que deve ser feito… metaboliza o estrógeno e promove sua eliminação através dos intestinos e dos rins.

Este fenômeno chama-se: metabolismo de “primeira passada.”Isso é obviamente normal para alimentos e componentes de alimentos. A única maneira que ele poderia ser normal para o estrógeno seria se os ovários da mulher fossem localizados anatomicamente na superfície interior do intestino.

Portanto, as pesquisas há muito já provaram que ingerir estrógeno não é uma boa ideia, por várias razões:

  • Este hormônio pode levar à inflamação hepática e aumenta o seu risco para a trombose e o derrame.

Embora o esfregar de estrógeno na “membrana da mucosa” (preferível) ou na superfície da pele não é exatamente o que a Natureza previu, isso ainda copia a Natureza no que se refere a permitir o estrógeno fluir com o fluxo sanguíneo ate o coração da mulher primeiro, e NÃO ao fígado, e com isso ele atinge cada célula no corpo, justamente como acontece com o estrógeno que origina dos ovários.

Segundo erro: Não dar pausa mensal

O uso do estrógeno todo dia de todo mês (junto com a progesterona e, para muitas, a testosterona), pode aumentar o risco da mulher para o câncer. O princípio de copiar a Natureza não está sendo respeitado aqui também, no que se refere a fornecer as mesmas quantidades desses dois tipos de hormônio diariamente ao corpo da mulher, desde sua adolescência até a menopausa.

É sabido que há uma queda significante destes hormônios e da testosterona, que ocorre mensalmente uma vez, durante os anos de menstruação. A exceção é durante a gravidez, quando hormônios contínuos e diários, só ocorrem normalmente nos nove meses de gestação.

Além disso, os receptores para esses hormônios estão programados para uma folga mensal. Porém, se os receptores de estrógeno e progesterona são estimulados diariamente por anos, ou décadas, isto é um desvio da Natureza, e é previsível que algo poderá e dará errado.

Os estudos mostram que “os regimes contínuos combinados conferem um risco 43% maior do que aqueles que respeitam essa pausa mensal”.

Terceiro erro: Homens e reposição de testosterona

Um erro básico pode ser cometido quando se prescreve a testosterona para os homens. Os “inibidores de aromatase” (remédio patenteado ou composto botânico crisina) que são prescritos juntamente com a testosterona para qualquer homem, podem não estar inibindo esse processo.

A aromatase é o nome da enzima presente nos corpos femininos e masculinos que transforma a testosterona em estrógeno em um passo. A aromatase obviamente funciona de forma normal mais rapidamente em mulheres do que em homens, mas com o envelhecimento as enzimas de aromatase em alguns homens se tornam crescentemente ativas

Um terço de nós têm uma tendência genética para ter diabete tipo 2

Infelizmente, aproximadamente um terço de todos os homens desenvolve a atividade de aromatase em demasia, alguns no início da década de seus 30 anos, a maioria nas décadas dos seus 40 e 50 anos, e um número menor em idades mais avançadas. A razão pela qual tantos homens têm este problema pode surpreender você. É porque aproximadamente a mesma proporção de todos nós – um terço dos homens e um terço das mulheres – temos a tendência genética para desenvolver a diabete tipo 2.

Décadas atrás, foi descoberto que as pessoas que tem esta tendência genética respondem ao açúcar e aos carboidratos refinados com significantemente mais insulina do que aqueles que não a tem. Com o passar do tempo, uma dieta rica em açúcar, frutose e carboidratos refinados causa níveis persistentemente mais altos de insulina, levando os nossos corpos a desenvolver a resistência à insulina.

Com isso, a concentração de açúcar no sangue começa a aumentar – lembre-se de que ele não está entrando nas células por causa daquela resistência muito forte à insulina – e nós somos diagnosticados com a diabete tipo 2.

Essa insulina aumentada ativa a enzima de aromatase, fazendo mais e mais testosterona transformar-se em estrógeno, além de estimular a produção de mais colesterol e triglicérides, aumentar a pressão sanguínea e contribuir para o acúmulo de obesidade abdominal.

Nenhuma destas informações é nova. Já é sabido que este agrupamento de sintomas leva à síndrome metabólica e pré-diabete. Como mencionei anteriormente, a tendência genética para a diabete tipo 2 e todos estes problemas “precursores” é compartilhada por um terço de todos nós, incluindo um terço de todos os homens.

Isto significa que aproximadamente dois terços de todos os homens não precisam de um inibidor de aromatase natural ou patenteado. Para o terço dos homens que podem precisar abaixar a taxa de transformação de testosterona em estrógeno, um inibidor de aromatase automaticamente prescrito com testosterona não faz absolutamente nada para reduzir o sinal de insulina alto. Então, estes homens continuam avançando pelo caminho da síndrome metabólica, rumo à diabete tipo 2.

Este é o problema de prescrever automaticamente os inibidores de aromatase junto com as prescrições de testosterona. Frequentemente retarda um diagnóstico em potencial para a resistência à insulina, até que se torna a diabete tipo 2!

Portanto, a prescrição às cegas dos inibidores de aromatase junto com a testosterona, sem ao menos checar se há resistência à insulina, a causa do problema, pode ser uma atitude irresponsável. Nesse caso, o estrógeno estará sempre aumentando, independente da estratégica básica adotada. Espero que tenha esclarecido muitos pontos importantes quando o assunto é hormônio. Lembre-se sempre do hormônio bio-idêntico!

 

Referências bibliográficas:

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