Por que será que as pessoas morrem ao correr maratonas?

Completar uma maratona! Eis o sonho de consumo de homens e mulheres nas mais variadas faixas etárias. E essa realização tem uma explicação. Chegar inteiro ao final de uma corrida de alta intensidade significa estar no ápice da saúde e da boa forma.

Mas, se alcançar esse objetivo representa estar com a saúde em dia, o que justifica o relato de pessoas caindo mortas todos os anos antes de cruzar a linha de chegada?

O que está acontecendo nesses casos? Será mesmo que correr uma maratona é realmente tão saudável quanto dizem por aí?

Vamos juntos entender algumas condições. Vejamos:

Entre os fatores que contribuem para essas mortes, certamente está a insolação. Além disso, temos também a hiponatremia, ou seja, um baixo nível de sódio no sangue causado frequentemente pelo ato de beber água demais durante o exercício.

Entretanto, na grande maioria dos casos, as pessoas morrem durante as maratonas por causa do infarto. Afinal de contas, corridas como essas causam um estresse extraordinário no nosso coração; estresse esse que o nosso corpo não foi projetado para aguentar.

Esse estresse é um exemplo clássico do que chamamos de “efeito reverso”, onde algo que costumava ser bom para nossa saúde passa a ter um impacto contrário quando praticado em excesso.

De acordo com um estudo apresentado em Montreal durante o Congresso Cardiovascular Canadense, em 2010, o exercício regular reduz o risco cardiovascular por um fator de dois ou três pontos. Em contrapartida, o exercício vigoroso prolongado, feito durante uma maratona, aumenta esse risco em até sete vezes.

Para que você tenha uma ideia do risco que isso representa, os pesquisadores descobriram que durante uma maratona mais da metade dos segmentos do seu coração perde a função devido a um aumento na inflamação e decréscimo no fluxo sanguíneo, e estes danos temporários podem desempenhar um papel fundamental nas mortes.

Outra pesquisa feita pelo Dr. Arthur Siegel, diretor da Medicina Interna do Hospital McLean da Harvard, também descobriu que corridas de longa distância levam ao alto nível de inflamação que pode acionar eventos cardíacos. Um estudo publicado em Circulation descobriu que correr uma maratona pode levar a anormalidades na maneira em que o sangue é bombeado para o interior do coração.

Agora há evidências contundentes que indicam que a corrida cardio convencional, ou corrida de longa distância, é uma das piores formas de  exercício que existe e mesmo que você seja um dos sortudos que não acaba tendo um evento cardíaco súbito no meio de uma corrida, a sua saúde cardíaca ainda pode sofrer em longo prazo. Dizer que todo cuidado é pouco não é nenhum exagero, nesse caso.

Mas daí você me pergunta: “Doutor, existe algum outro jeito melhor de me exercitar?”

Você precisa entender que a ciência sugere que a melhor forma de condicionamento físico é o que imita o movimento dos nossos ancestrais, que inclui curtos surtos de alta intensidade, e não corridas de longa distância como as maratonas. Você não precisa chegar aos extremos físicos para ser um atleta de primeira. O que você precisa é aprender a respeitar o seu corpo com todos os limites que o seu organismo tem.

E se quiser saber mais sobre o assunto eu sugiro que você leia o meu livro “20 Minutos e Emagreça”. Nele você encontrará o que há de mais moderno, seguro e cientificamente amparado para que você obtenha os melhores resultados através da prática de exercícios, sem surpresas desagradáveis para o seu coração.

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Referências bibliográficas:

– BMJ. 2007;335

– Live Science. October 25, 2010

– Am J Cardiol. 2001 Oct 15; 88(8):918-20, A9.

– Circulation.2006; 114: 2325-2333

– J Appl Physiol. 2011 Jun; 110(6):1622-6. Epub 2011 Feb 17.

– Circulation. 2011; 123: 13-22

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