Febre Amarela: O que Você Não Pode Deixar de Saber

febre amarela

Há mais de 100 anos atrás, em 1904, tivemos a revolta da vacina. Devido à desconfiança, parte da população brasileira reagiu às campanhas de imunização em massa.

O medo dos brasileiros neste século 21 repete o que ocorreu com os nossos antepassados. Isso ressurge agora na vacinação contra a febre amarela, que trouxe à tona a necessidade de se desenvolver uma nova vacina contra a doença, com menos risco de efeitos colaterais.

Atualmente se usa basicamente a mesma vacina que foi criada em 1930, por Max Theiler, infectologista americano, que lhe valeu o prêmio Nobel de Medicina em 1951.

Seus efeitos colaterais mais comuns em cerca de 5% dos vacinados são:

  • mal estar
  • febre e dor de cabeça

Já as reações adversas graves, que incluem a própria febre amarela (ou doença viscerotrópica aguda) são bem menos frequentes, cujas estatísticas variam entre de 1 a cada 400 mil vacinados, até 1 a cada 1 milhão de vacinados, dependendo do estudo.

Recentemente, no estado de São Paulo, ao menos 3 pessoas morreram por reação à vacina, e outros 9 casos estão em investigação, só neste começo de ano de 2017.

Segundo Akira Homma, o Assessor científico sênior do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Flocruz), responsável pelo desenvolvimento e produção da vacina da febre amarela no Brasil, estão sendo feitas pesquisas para criar um novo imunizante.

Infelizmente, para se chegar a um produto final, testado e aprovado, levará ao menos uma década. Portanto, a vacina atual continuará a ser usada.

Apesar desse risco, eles são bem menores do que os da doença, segundo Homma, cuja taxa de mortalidade, nos casos mais graves, beira a 50%.

No estado do Rio de Janeiro, especialmente a região de Valença, município Fluminense com o mais alto índice de febre amarela, há mais de 100 casos em análise. Até agora já foram 14 casos confirmados e 5 mortes, sendo que no estado o total de mortes já é de 18 casos.

Dos 92 municípios fluminense, 14 deles já registraram casos de febre amarela
Com isso, mais uma vez fica clara a importância da prevenção para se evitar chegarmos a esse ponto.

No verão, o grande prazer para todos nós é passar mais tempo ao ar livre, mas nessa situação estamos sujeitos a compartilhar esses momentos com mosquitos.

Você sabia que cerca de 20% das pessoas são os alvos mais atraentes para os mosquitos? Será que você é um deles?

Para não corrermos esse risco, é importante proteger-se das mordidas.

Isso não só impede uma coceira horrível, mas principalmente diminui as possibilidades de transmissão de doenças como a Febre Amarela, mas também Malária, Zika, Chikungunya e Dengue.

Agora, eu quero mostrar para vocês o que pode e deve ser feito para se proteger:

  • os mosquitos machos se alimentam do néctar das plantas, e não do sangue. São as fêmeas que nos picam, e usam o sangue para nutrir seus ovos;
  • os mosquitos são atraídos pela transpiração do corpo, durante ou depois dos exercícios, por causa do Ácido Lático produzido. Eles são atraídos também pelo dióxido de carbono que expelimos, além de outros químicos. E o pior, eles percebem isso a cerca de 30 metros de distância;
  • evite banana, pois no processo de digestão há liberação de um óleo que atrai os mosquitos;
  • loiras são mais propensas a picadas do que morenas;
  • quem bebe cerveja se torna mais atrativo para os mosquitos;
  • lua cheia aumenta a atividade dos mosquitos;
  • quando você acende a luz, normalmente se torna bem atrativo aos mosquitos, pois as ondas luminosas do espectrum UV propiciam isso. Se você trocá-las pelas novas lâmpadas LED, os mosquitos não se sentirão atraídos; mosquitos têm maior atração por cores escuras, portanto, prefira roupas claras.

Medidas preventivas

– Evite estar em ambiente externo em torno do amanhecer e do entardecer, pois é quando eles estão mais ativos;
– Lembre-se sempre de eliminar criadouros de mosquito;
– Mantenha portas e janelas fechadas ou teladas;
– Use roupas claras como calça e camisa de mangas compridas, meias e chapéu;
– Use repelentes.
Apesar de se recomendar normalmente repelentes comerciais, eu particularmente aconselho evitar esse tipo de produto químico por diversas razões, como expliquei em outro post aqui do blog.

Repelentes comerciais

DEET (N, N-dietil-meta-toluamida)

A maioria dos repelentes de insetos comerciais contém esse produto químico que deve ser usado com precaução, se for o caso. Muitos estudos mostram que DEET pode ter efeitos nocivos.

As crianças por absorverem mais facilmente produtos químicos no ambiente, estão mais sujeitas às alterações neurológicas, especialmente numa fase de desenvolvimento de seus sistemas nervosos.

Seus efeitos adversos baseado em 30 anos de estudos clínicos, mostram que o DEET pode causar os seguintes efeitos para a saúde:

  • Dor e irritação nos olhos
  • Letargia
  • Náusea e vomito
  • Falta de ar
  • Irritação da pele, urticária, bolhas
  • Dores de cabeça e tontura
  • Perda de memória
  • Dificuldade de concentração
  • Tremores, Convulsões e Neurotoxicidade
  • Dor muscular e articular
  • Hipotensão
  • Bradicardia

Permetrina

É um produto químico membro da família piretróide sintética, encontrado em muitos sprays de insetos.

Considerado neurotóxico e cancerígeno, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).

Pode causar tumores pulmonares, hepáticos, problemas do sistema imunológico e anormalidades cromossômicas.

Em crianças, os piretróides foram associados a problemas comportamentais.

Repelentes biopesticidas

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) classifica estas versões como “repelente biopesticida”, o que significa que é derivado de materiais naturais, e não são repelentes reais, mas provavelmente funcionam ao encobrir as pistas ambientais que os mosquitos usam para localizar seu alvo.

Segundo Urvashi Rangan, PhD, diretor executivo da Consumer Reports ‘Food Centro de Segurança e Sustentabilidade:

“Eles não têm ação livre de efeitos colaterais, mas” esses problemas são muito menos graves do que DEET… “Ainda assim, todos os repelentes devem ser usados com moderação e apenas pelo tempo que você precisar, especialmente em crianças e pessoas mais velhas”.

Seus efeitos colaterais em potencial incluem irritação da pele e dos olhos.

Icaridina

A Icaridina, também conhecida por Picaridina, é um produto químico chamado IR3535, feito com óleos vegetais naturais, extraído da pimenta preta.

Em um teste para repelentes realizado pela Consumer Reports, comparou-se Icaridina, Óleo de Eucalipto Citriodora e DEET.

Os voluntários aplicaram os repelentes na pele, e após 30 minutos ficaram em ambiente de estudo que continha mosquitos.

Após 7 horas, observou-se que os produtos que continham 20% de Icaridina ou 30% de Óleo de Eucalipto Citriodora, conseguiram desempenho melhor em manter os mosquitos afastados que o DEET. (Clique aqui para ver a receita de um repelente feito com Eucalipto Citriodora).

Segundo o Grupo de Trabalho Ambiental (EWG), a Icaridina não possui as mesmas preocupações de neurotoxicidade no DEET, apesar da Icaridina não ser um composto natural, e sim produzido em laboratório.
Os pesquisadores do EWG relatam que “Em geral, a avaliação do EWG é que Icaridina é uma boa alternativa ao DEET com muitas das mesmas vantagens e sem as mesmas desvantagens”.

E mais, nesse estudo se usou Icaridina a 20% e hoje já dispomos de um produto no mercado com Icaridina a 5% nanoencapsulado, com tecnologia que permite essa redução, mas proporcionando proteção eficaz e por longos períodos. Aliás, essa formulação tem agradado muito os pediatras, pela possibilidade e mais segurança para usar em crianças a partir de 6 meses, quando as outras opções sintéticas só se indica após os 3 anos de idade.

Óleo de Eucalipto Citriodora (p-menthane-3,8-diol – PMD)

O óleo de eucalipto vem da árvore de eucalipto citriodora, mas a que é usada é sua versão sintética com propriedades pesticidas, como um repelente de insetos. Esta versão é diferentedo óleo “puro” não refinado, que normalmente é usado na fabricação de fragrâncias.

O óleo puro não está registrado na Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) como repelente de insetos, ao contrário da refinada, que é usado como repelente comercial.

Alternativas naturais

Há muitas opções que podem lhe ajudar, como extratos e óleos balsâmicos naturais, tão efetivos como o DEET.

Óleo de capim-limão: Capim-limão é uma planta alta perene, e suas folhas são utilizadas para a fabricação de um óleo muito usado em produtos para pele e cosméticos. Tem a propriedade de ser repelente,afastando mosquitos e formigas, por exemplo, pela alta concentração de citral e geraniol.

Óleo de menta: Muito usado em aromaterapia. Contém mentol, cuja sensação tópica ajuda a aliviar coceiras das picadas. Repele mosquito e mata as larvas.

Vanilina: Não é imitação da vanila. Composto orgânico que mantém os insetos distantes.

Óleo de citronela: Usado em aromaterapia, é um eficiente repelente de insetos, sendo classificado como um biopesticida sem efeitos colaterais. Excelente contra Aedes Aegypti, segundo artigo publicado no International Journal of Advanced Research. Ele não mata o mosquito: simplesmente evita a picada, pois o seu cheiro deixa o mosquito desorientado. Não deve ser usado puro na pele, devendo ser associado a um carreador oleoso, como o óleo de oliva ou óleo de coco.

Óleo de canela: Seguro e efetivo pesticida natural, além de ter cheiro bastante agradável. Não apresenta efeitos negativos para a saúde.

Espero que essas dicas evitem que você tenha surpresas desagradáveis nessa temporada de calor, e também que minimize o uso de repelentes feitos com químicos tóxicos. Aproveite!

Referências bibliográficas:

  • O Estado de São Paulo. A18 – 04 Fevereiro 2018
  • Med Line Plus Bug Spray Poisoning
  • Beyond Pesticides. 2002
  • Fundamental and Applied Toxicology. 1996
  • Environmental Working Group. July 17, 2013
  • J Am Mosq Control Assoc March 2014
  • Journal of Chemical Ecology March 1999
  • International Journal of Advanced Research, 2013;1(6):504-521
  • Morbidity and Mortality Weekly Review, Oct 6, 1989;38(39):678-679.
  • JAMA, January 15, 1997;277(3):231-237
  • Lipid, l989;24(8):677-679
  • Allergy, 1995;50:995-999.
  • Phytomedicine 2002
  • Beautiful Earth
  • Herbsand Oils Expert
< Artigo AnteriorPróximo Artigo >