Convivendo com o Perigo dos Plásticos: BPA e BPS

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Tenho certeza que você está fazendo o máximo possível para evitar essas substâncias químicas que podem deixá-lo doente. Mas, certamente, a presença delas está passando desapercebida… Tenho lhes informado tudo sobre o BPA (Bisfenol-A), a substância química semelhante a hormônio usado em plásticos que está causando enfermidades e doenças, tanto em crianças quanto em adultos.

Porém, há outro produto que você não pode evitar porque você NÃO o conhece… Os produtos livres de BPA frequentemente contêm uma substância química chamada BPS (Bisfenol-S), e os dois têm muito mais em comum do que as suas primeiras duas letras. Ambas as substâncias são hormônios químicos que imitam o estrógeno no corpo humano, desregulando o sistema endócrino e te preparando para ficar enfermo e doente.

E mesmo o BPS sendo um pouco mais fraco do que o seu primo químico, um estudo novo descobriu que é 1.900% mais eficaz em penetrar a pele do que o BPA. Em outras palavras, um produto “livre de BPA” pode te dar uma injeção MAIOR de hormônios químicos do que as coisas “cheias” do bom e velho BPA.

Não importa quanto você tenta, você não consegue desvendar

É claro que a indústria de plásticos sabe tudo isso. Eles sabem, mas estão apostando que você não saiba. E você pode apostar que eles estão rindo de rachar toda vez que liberam um novo produto “livre de BPA” que está repleto de BPS.
Isso pode ser quase qualquer produto, diga-se de passagem, mas um novo estudo descobriu que o BPS já está aparecendo em quantidades enormes em produtos de papel, como o papel térmico. Este é o papel quimicamente tratado usado nos recibos que você recebe de supermercados, postos de gasolina, caixas automáticas e… bem… quase todo lugar que vende coisas.

Se você compra coisas, você já manuseou este papel – e já que são tão instáveis, as substâncias químicas na superfície podem escorregar para as pontas dos seus dedos e a partir daí, através da membrana da pele, para dentro do seu corpo.

Anteriormente, o BPA era um dos principais ingredientes no papel térmico. Agora, as lojas estão mudando para os recibos térmicos “livres de BPA” – mas o novo estudo descobriu o BPS em todos os recibos térmicos que os pesquisadores coletaram e testaram.

Será que você vai precisar de luvas de borracha só para fazer as compras?

Não são apenas os recibos. Os pesquisadores também testaram 15 outros tipos de papel coletados nos Estados Unidos e na Ásia e descobriram o BPS em todos os lugares onde o BPA tinha aparecido nos testes anteriores, e em quantidades semelhantes também. Segundo estudo no Environmental Science & Technology, observou-se o BPS em 87% das amostras de papel-moeda e 52% de todos os produtos de papel reciclável. Será que ele não está também no seu papel higiênico? É hora de considerar um bidê…

Mamadeiras sem BPA?

Não se fabrica mais mamadeiras com BPA. Assim que os pais ficaram por dentro do fato de que o BPA causava problemas de desenvolvimento em bebês, incluindo seios em meninos e puberdade precoce em meninas, eles pararam de comprar essas mamadeiras.

E quando os pais pararam de comprá-las, as empresas pararam de fabricá-las. O livre mercado se posicionou quando o governo falhou. A propósito, muitos das mamadeiras “livres de BPA” que os pais se sentem tão bem comprando agora são fabricadas com… você adivinhou: o BPS! Então, apesar da proibição do BPA nas mamadeiras, os menores membros da sua família ainda podem estar sendo dosados com hormônios toda vez que bebem algo.

Pelo menos o seio materno ainda está livre de substâncias químicas (a não ser que a mãe esteja comendo alimentos contaminados com BPA e BPS). É claro que os bebês e as crianças são os mais vulneráveis aos danos dessas substâncias químicas semelhantes a hormônios, já que elas podem ter um impacto tão enorme no desenvolvimento.

Mas você não está livre disso…

BPA e Doenças

Veja algumas doenças que podem tem relação com o BPA:

Diabetes

Um estudo recente descobriu que os adultos com os níveis mais altos de BPA na urina são 68% mais prováveis a ser diabéticos do que aqueles com os menores níveis.

Doenças cardíacas

Outro estudo descobriu que as pessoas com os níveis mais altos de BPA na urina eram mais prováveis a desenvolver doenças cardíacas.

Tumor cerebral

E outro estudo ainda descobriu uma ligação entre o BPA e a meningioma, um tipo de tumor cerebral.
Eu poderia continuar, mas acho que você entendeu o espírito da coisa. Esses estudos foram feitos com o BPA, não o BPS, mas será que você quer arriscar? Eu também não, não quando os outros riscos estabelecidos desses hormônios químicos incluem a obesidade, a disfunção sexual e mais.

Reduza a sua exposição a BPA e BPS

É quase impossível evitar o BPA e o BPS, já que eles não precisam ser listados nos rótulos. Mas você pode minimizar a sua exposição ao tomar estas medidas simples:

  1. Cuidado com os plásticos: observe em especial os que tem código de reciclagem de “3” ou “7”, pois podem conter o BPA, e se neles estiver escrito “livre de BPA”, eles ainda podem conter o BPS. Você frequentemente encontrará estes códigos escondidos no fundo ou do lado de frascos e garrafas plásticos.
  2. O PES é péssimo: O BPS é comumente usado em plásticos de polietersulfona (PES). Evite-os todos, mesmo ou especialmente se tiverem escrito “livre de BPA” no rótulo. A propósito, muitas mamadeiras usam a PES. Garrafas de água também.
  3. Procure consumir produtos e carnes frescas, evitando, dentro do possível, alimentos que vem em lata, garrafa ou embalagem. Com isso você reduzirá muito a sua exposição a uma variedade de substâncias químicas, incluindo os BPAs e os BPSs, praticamente da noite para o dia.
  4. Deixe os plásticos de lado e priorize vidros e metais para armazenar alimentos. Mas saiba que no mundo atual você nunca reduzirá a sua exposição a zero, mas minimize o que for possível.

Referências bibliográficas:

  • Environmental Research January 2006, Vol 100, Issue 1, Pag 50-76
  • Am J Epidemiol. 2013 Jun 1;177(11):1263-70.
  • JAMA. 2011 Nov 23;306(20):2218-20.
  • Molecular and Cellular Endocrinology Dec 2014, Vol 398, Issues 1-2, Pages 101-113
  • Journal of Exposure Science & Environmental Epidemiology Sep 23, 2015
  • Environmental Health Perspectives June 19, 2015
  • Obesity Research & Clinical Practice September 14, 2015
  • The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism March 5, 2015
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