Colesterol: descubra onde está o risco real de doença cardiovascular

colesterol risco cardiovascular

Se você quiser realmente monitorar o seu colesterol, o primeiro passo é entender que ele é seu amigo e protetor, não o vilão que falam por aí nestes últimos 60 anos. Reduzir o seu colesterol não é necessariamente um sinal de melhora de saúde. Na verdade, isso pode aumentar o seu risco de morte, especialmente doença cardiovascular e câncer, perda de memória, piora da parte sexual e redução da produção hormonal. Isso só para citar algumasconsequências!

Um estudo de referência em 1953, mal interpretado, resultou na “fama de mau” do colesterol. Ele virou o grande vilão culpado por quase todo caso de doença cardíaca nos últimos tempos.Mas a verdade é que o colesterol muito provavelmente não irá destruir a sua saúde como você foi induzido a pensare também não é a causa de doença cardíaca.

Por estar tão profundamente enraizado em nossa cultura, o mito do colesterol persiste teimosamente na maioria das pessoas. A medição do colesterol sanguíneo total não te diz praticamente nada sobre o seu risco para doença cardíaca. Mais valor é possível de ser obtido ao olhar para os tipos relativos de lipídeos circulando em seu sangue, e hoje temos exames sofisticados para isso. Veja cada um deles e as suas proporções abaixo são indicadores muito melhores para doença cardíaca do que o colesterol total por si só.

HDL Colesterol

Está correlacionado com um menor risco de doença cardíaca, enquanto que a mensuração do colesterol total é sem valor quando se pensa em medir esse risco.Se o seu colesterol total é alto porque você tem muito HDL, isso não é um indicador de aumento de risco cardíaco. Na verdade, o HDL age como um protetor.

LDL grandes e leves

Não contribuem para doença cardíaca. Nesse caso, consumir gordura saturada boa pode transformar as pequenas e densas LDL no seu corpo em grandes e saudáveis LDL leves, gerando, assim, efeito protetor.

LDL pequenas e densas

São facilmente oxidadas, o que pode gerar doença cardíaca.
Pessoas com altos níveis de LDL densas e pequenas têm o triplo de risco de doença cardíaca em comparação com pessoas que apresentam alto nível de LDL grandes e leves. O consumo das lesivas gorduras trans, frutas, açúcar refinado e carboidrato industrializado como pães, massas e refrigerantes eleva essas partículas. Outros fatores que promovem isso são:

  • Resistência à insulina e leptina;
  • Falta de atividade física;
  • Toxinas ambientais, como BPA;
  • Disbiose intestinal;
  • Poucas horas de sono.

Apoproteínas

São o principal componente proteico de partículas ligadas aoslipídios. A Apo B está associada ao aterogênico LDL colesterol, enquanto o Apo A1 está relacionado com o antiaterogênico HDL colesterol. A razão Apo A1 / Apo B traduz com exatidão a relação entre partículas circulantes aterogênicas, que contém Apo A1. Valores elevados são associados com menor risco

Triglicérides

Altos níveis de triglicérides são importante fator de risco cardiovascular e sua elevação mostra excesso de consumo de carboidratos na alimentação.

Lipoproteína (a)

Consiste num componente genético que predispõe doenças cardio e cerebrovascular. É um importante iniciador e promotor, assim como um marcador precoce do processo de aterosclerose. Consiste em uma molécula de LDL ligada a outra molécula chamada Apoproteina A. Valores elevados são correlacionados com risco aumentado.

Ações do colesterol

  • Desempenha papel importante na estrutura da membrana celular;
  • Interage com proteínas dentro da célula;
  • Colabora na regulação proteica necessária para a sinalização celular;
  • Importante para fabricar a vitamina D quando você se expõe aos raios solares;
  • Sintetiza os hormônios do sexo
  • Imprescindível para o funcionamento adequado do cérebro.

Os melhores indicadores lipídicos da doença cardiovascular

  1. A sua proporção de Colesterol / HDL: a porcentagem do seu Colesterol em razão do seu HDL(lipoproteínas de alta densidade) é uma maneira muito boa de prever o risco de doença cardíaca.
    Valores devem ser < 5,0
  2. A sua proporção de LDL/HDL: Divida o seu número de LDL pelo seu HDL. Esta proporção deve estar idealmente abaixo de 4,5.
  3. A sua proporção de Triglicérides/HDL: Divida o seu número de triglicérides pelo seu HDL. Esta proporção deve estar idealmente abaixo de 2.
  4. Teste de partículas de LDL: O teste mais importante para avaliar o risco cardíaco. É a proporção de partículas LDL colesterol pequenos que se agregam facilmente causando mais inflação e estão atrelados a resistência à insulina e leptina. Ainda não disponível, somente poucos laboratórios realizam esse exame no mundo.
    Com isso, a solução que nos resta, que se aproxima do mesmo resultado, é a usada na Europa: a relação Apo A1 / Apo B.
  5. Apoproteina A1(Apo A1): É uma forma indireta de medirmos o número de partículas HDL colesterol e representa cerca de 60% dele.
  6. Apoproteina B(Apo B): É uma forma indireta de medirmos o número de partículas LDL. Cerca de 95% do Apo B são partículas LDL. Não é o método mais preciso, mas de fácil acesso.Quanto mais LDL partícula você tem, maior risco de oxidar seu LDL.

Perfil lipídico de risco cardíaco (valores referência)

Triglicérides: 15 – 150 mg/dl
Colesterol: 130 – 200 mg/dl
LDL: 50 – 140 mg/dl
HDL: 35 -90 mg/dl
Apoproteína A1: 80 -170 mg/dl
Apoproteína B: 60 -130 mg/dl
Lipoproteína (a): 0 -32 mg/dl

Obs: Os valores de referência dependem da metodologia usada pelo laboratório.

Risco lipídico estimado de doença cardíaca (valores referência)

Colesterol / HDL menor que 5,0
LDL / HDL menos que 4,5
Triglicérides / HDL menor que 2,0
Apo A1 / Apo B maior que 1,4
Lp(a) menor que 32

Obs: Os valores de referência depende da metodologia usada pelo laboratório

Outros fatores importantes para a saúde cardiovascular

Marcadores de inflamação crônica

Proteína C Reativa – um marcador de inflamação de forma ampla ou de infecção. Para checar risco cardiovascular deve-se usar a Proteína C reativa de alta sensibilidade, que sinaliza estágios iniciais da doença. Valores: abaixo de 3 ou abaixo de 0,11, dependendo da metodologia do laboratório.

Ferritina – é a proteína que se liga ao ferro, que é altamente oxidativo, o que pode causar danos à suas artérias aumentando risco cardiovascular. O ideal é que se mantenha a ferritina entre 40 e 80 ng / ml.

Fibrinogênio – mostra agressão e inflamação. Quando elevado, está correlacionado com estágios iniciais de doença cardiovascular, sendo melhor marcador de risco do que colesterol elevado. Valor deve estar entre 200 a 400 mg/dl.

Homocisteína – níveis elevados de homocisteína estão correlacionados com doença cardiovascular. Valores 5,0 a 10,0 micromoles/L.

Insulina – importante fator contribuidor para o desenvolvimento e progressão de doença cardiovascular. Valores 3,0 a 5,0.Acima disso, indica-se necessidade de se reduzir o consumo de açúcares, em especial frutose, alimento refinado e grãos.

Glicemia de jejum – Os valores ideais devem ficar abaixo de 79 mg/dl. Glicemia acima de 125 está correlacionada com 3 vezes mais risco de doença coronária, quando comparado com valores adequados.


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