3 motivos para se alimentar de carne de animais criados a pasto

Eu frequentemente tenho dito que as diferenças entre a carne de vacas alimentadas no pasto e a das criadas em confinamento são tão grandes que podemos considerá-las dois animais completamente diferentes.

Veja os motivos:

1)   A carne de vaca criada a pasto não promove as doenças resistentes a antibióticos

Dentre tudo o que está errado com a agricultura moderna, a transição antinatural que transformou o gado, que naturalmente come somente capim, em ruminantes que comem grãos está, definitivamente, lá no topo da lista. As vacas confinadas são engordadas para o abate o mais rápido possível (em média, entre 14 e 18 meses). Sua alimentação conta com a ajuda de grãos e drogas que promovem o crescimento, incluindo os antibióticos.

Esta prática tem levado à praga atual de doenças resistentes a antibióticos, que matam pelo menos 23 mil americanos todo ano. Infelizmente, no Brasil não se tem esta estatística. Outros promotores de crescimento comumente usados na carne de vaca americana têm sido banidos na maioria dos outros países devido aos seus efeitos suspeitos sobre a saúde, tanto em animais quanto nos consumidores.

Quando você come a carne da vaca confinada, também está consumindo pequenas quantidades de antibióticos e outras drogas a cada mordida. O consumo regular de pequenas doses de antibióticos é uma maneira certa de destruir a saúde dos intestinos, o que por sua vez terá efeito nocivo na saúde geral e na sua função imune. Isto não só te deixa mais suscetível às doenças crônicas, como também aumenta a exposição às infecções resistentes aos antibióticos.

As vacas alimentadas a pasto, por outro lado, não usam antibióticos, a não ser por motivo veterinário. Sendo as doenças resistentes a antibióticos um dos maiores perigos para a saúde pública, a compra de carnes de animais criados nessa condição é uma consideração importante.

2)   Carne de Vacas Criadas a Pasto = Melhor Nutrição

Os antibióticos e os grãos, que são difíceis de digerir, alteram radicalmente o equilíbrio bacteriano e a composição dos intestinos do animal. A dieta natural para os ruminantes, como o gado, é o capim puro e simples. Quando deixado em paz, ele não comerá milho ou soja. Como nos seres humanos, a má saúde intestinal nos animais promove doenças.

Esta dieta radicalmente alterada também afeta a composição nutricional da carne. Um exemplo: o nível de ácido linoleico conjugado (CLA) é de três a cinco vezes mais alto na carne de animais criados no pasto, em comparação ao da carne de vaca confinada.  Descobriu-se que o CLA tem uma larga gama de benefícios à saúde, desde o combate ao câncer até a diminuição da resistência à insulina e melhoria na composição do corpo.

A carne de vaca criada a pasto também tende a ser mais magra e ter níveis mais altos de vitaminas e sais minerais, como o cálcio, o magnésio e o potássio.  Também tem uma proporção mais saudável de gorduras ômega-6 para ômega-3.  

3)   Vacas Limpas e Felizes Dão Carne Mais Segura e Mais Higiênica

As vacas criadas a pasto são livres para pastorear em campos abertos. Ao contrário das vacas confinadas, perambulam livres em pasto aberto, o que faz uma diferença tremenda quando se trata da sua saúde e bem-estar. Como resultado, estes animais raramente ficam doentes e, portanto, não necessitam de nenhum tratamento com drogas. Eles têm tendência muito menor para se tornarem hóspedes de patógenos perigosos, que poderiam contaminar a carne.

Um dado preocupante: 90% da carne que os americanos compram no supermercado, por exemplo, vem de animais confinados. Testes já revelaram que aproximadamente metade da carne vendida nas lojas dos Estados Unidos é contaminada com bactérias patogênicas — incluindo as cepas resistentes aos antibióticos.  Por outro lado, a carne de vacas criadas a pasto não é associada a esta frequência alta de contaminação, e a condição de vida dos animais têm tudo a ver com esta segurança.

Já no Brasil, mais de 80% da nossa carne provém de animais criados à pasto, o que é um privilégio em termos de saúde.

 

Referências bibliográficas:

  • Livro Sinal Verde para a Carne Vermelha. Editora Gaia.
  • Scientific American February 17, 2015.
  • Clinical Infectious Diseases 2011 May;52(10):1227-30.
  • JAMA Internal Medicine September 16, 2013.
  • University of Iowa January 23, 2009.
  • Gastroentorology 2013 Jun;144(7):1394-1401.
  • Oregon State University Press Release September 16, 2013.
  • Nature September 16, 2013.
  • Science News November 14, 2014.
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